Se existe felicidade é ela que está estampada na face do Maestro Jonny William. É que há dez dias chegou aos seus ouvidos a notícia que pôs o maestro a sonhar acordado. Desde então, ele é só alegria. A ONG Orquestrando a Vida acaba de ganhar a sua sede definitiva. E não é uma sede acanhada, não. É ampla, ventilada; um belo imóvel de dois andares na esquina da rua Baronesa da Lagoa Dourada, entre a Câmara de Ve-readores de Campos e a Beira Rio. O local é perfeito, perto de tudo. O presente que trouxe paz à família da Orquestrando a Vida veio através de uma iniciativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro. É do governador Sérgio Cabral e do secretário de Planejamento Sergio Ruy Barbosa, que sensíveis ao trabalho de inclusão dos jovens através da arte, deram o sinal verde. Foi então feita a cessão do imóvel do estado por tempo indeterminado.
— Vejo o ato como um carinho imenso que recebemos de pessoas que nos apoiam, trabalham e se doam. É também um crédito. Aos 16 anos de existência da Orquestrando a Vida, encaro tudo o que nos aconteceu neste ano como um começo, não um meio de caminho. Foi um ano tão complicado, tão sem perspectiva e ao final acontece tudo. Tinha chegado de uma viagem à Venezuela, era um momento de pressão. Logo que desembarquei no Rio, me chamam na secretaria de estado para me avisar que tinha acabado de ganhar o espaço. Foi demais, me senti como naquele programa do Silvio Santos, a “Porta da Esperança” — diz, emocionado, Jonny William.
O maestro é grato a toda a população. “É tanta gente que colabora de algum jeito”. Ele aproveita e convida a todos que compareçam, no próximo sábado às 18h, quando após a solenidade de corte da fita e do cerimonial de abertura, a Banda Sinfônica se apresentará. Terminada a primeira programação, às 19h, no pátio da nova sede, haverá um Concerto de Orquestras: as oito orquestras (duas são de cordas), o coral de pais e o coral da Baleeira “Semente do Amanhã” se apresentam pa-ra o público.
Jonny William, quando instado a citar os apoios, fica preocupado de esquecer algum nome, mas cita alguns. Primeiro fala do também maestro e fundador da ONG Orquestrando a Vida Luís Mauricio Carneiro. “Agradeço ao músico Hermes Cunha, um infatigável colaborador do projeto; ao empresário de Macaé Lafayette Miranda Fernandes, que generosamente dou todos os instrumentos de corda do Núcleo na Baleeira, e também os uniformes da meninada; ao Reynaldo Maia Pimentel e a Patrícia Tostes que já nos ofereceu o paisagismo do jardim externo e o próprio jardim”. Do governo do estado além dos acima relacionados, fala com carinho da secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes, como também da subsecretária estadual de Patrimônio Cristina Lúcia Vianna, sem deixar de se referir ao presidente da Fenorte Almyr Junior.
A dimensão do trabalho desenvolvido pela ONG campista falou fundo aos que pela primeira vez conheceram o movimento musical local; é o que se percebe na fala de Cristina Vianna. “Em julho deste ano fazia uma vistoria no prédio do Liceu de Humanidades, acompanhada da subsecretária de Cultura Olga Campista, quando fui surpreendida com a chegada do Maestro Jonny Willian e de outros integrantes da ONG Orquestrando a Vi-da. Algumas pessoas de Campos e a secretária de estado de Cultura Adriana Rattes já haviam me falado deste projeto pedindo para indicar um imóvel para eles. Confesso que os pedidos são tantos, que ainda não havia pensado no assunto. Eles me convidaram para conhecer o projeto e assistir um ensaio no mesmo dia. Ao ver dezenas de jovens com seus instrumentos ensaiando com tanto entusiasmo e sabendo que todos são de comunidades carentes, me senti obrigada a fazer a minha parte na inclusão destes jovens. O que seria? Conseguir uma sede. Enfim, há 10 dias, parte do imóvel foi devolvida pelo Tribunal de Justiça e entregue à ONG que o recebeu com muita emoção e choro contido”, disse.
ONG Orquestrando a Vida se prepara para criar mais um núcleo
O ano de 2013 foi especial para a ONG Orquestrando a Vida que em determinado momento foi às ruas de Campos pedir socorro à população, ao paralisar por mais de dois meses suas atividades. O grupo tem perto de 700 jovens e seus líderes deram uma demonstração inequívoca da força do sonho acordado. Além de terem conseguido emplacar a Orquestra e o Coro Municipal — possibilitando a profissionalização de aproximadamente 100 músicos —, abriram o primeiro núcleo em comunidade da periferia. Foi criado o núcleo na Baleeira, “Semente do Amanhã”. Hoje atendem a 100 crianças e, segundo Jonny William, funciona a pleno vapor, com concerto todo mês e uma estrutura excelente.
Engana-se quem pensa que por aí irão parar. Em fevereiro de 2013, inaugurarão o núcleo atrás da Igreja Santo Antônio, no Jardim Carioca, neste projeto a igreja é parceira. E sonham de olhos bem abertos em erguer no pátio interno da nova sede um teatro arena com capacidade para mil pessoas. O projeto de engenharia está sendo elaborado.
A explicação para tanta garra, o maestro atribui à metodologia venezuelana, um paradigma com uma linguagem intensiva e massificada da música que é tratada como uma ferramenta de transformação social. “Aproveitamos cada minuto da criança em uma convivência diária de três a quatro horas. E não é entretenimento, é um compromisso que oferece através da linguagem musical uma nova perspectiva de vida”, finaliza.
Luciana Portinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário