A
Orquestrando a Vida conversou com o professor espanhol Francisco Perez Souto
que realiza em Campos o Seminário Internacional de Trompete.
O
Seminário de trompete acontece mensalmente desde julho de 2011 quando o
professor Francisco Perez Souto chegou ao Brasil. Durante os seminários,
Francisco trabalha com aulas individuais e em grupo, buscando aprimorar a
técnica e a prática dos trompetistas das Orquestras da Academia de Orquestras e
Coros Sinfônicos do Brasil.
Conte um pouco da sua experiência
na Europa...
Eu comecei a tocar trompete na escola de música da minha cidade, que tem uma
tradição muito grande de bandas de música, na qual toquei durante muitos anos.
Com 17 anos entrei para a Academia da Orquestra Sinfônicas de Galícia, onde foi
um ponto muito importante da minha formação musical, estudando com o maestro
John Aigi. Ele me fez ter uma nova visão do trompete e do mundo das Orquestras
Sinfônicas, e graças a ele tive a oportunidade de tocar nas Orquestras profissionais
como a Orquestra Sinfônica de Galícia, Orquestra de Castilla e León, Orquestra da
Cidade de Granada e festivais na Alemanha como o Pommersfelden Festival e
Festival Junger Künstler Bayreuth.
Onde você se profissionalizou?
Estudei no Conservatório Superior de Música de La Coruna e no Staatliche
Hochschule für Musik und Darstellende Kunst, Stuttgart na Alemanha.
Como esta sendo a sua experiência no
Brasil?
A experiência foi e está sendo fantástica, sobre todo com o choque cultural,
que para mim foi enorme, outro idioma e cada dia aprendendo novas coisas e
tentando me acostumar com os 12 meses de verão. No meio musical, conheci
músicos fantásticos e toquei com a OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira).
Como você vê a música brasileira?
A música brasileira eu acho que está em um grande nível, no meu instrumento que
é o que eu mais convivo, temos o exemplo de Flavio Gabriel e Fabio Brum, dois
trompetistas brasileiros que conquistaram o segundo e terceiro lugar no
Concurso Internacional de Praga, um concurso de um prestigio enorme.
E as orquestras brasileiras?
Acho que o número de orquestras profissionais é bastante pequeno se pensamos no
imenso tamanho de Brasil, pois como exemplo a Espanha que é aproximadamente 15
vezes menor tem cerca de 30 orquestras profissionais. A qualidade das Orquestras
brasileiras é de um bom nível destacando a OSESP e OSB, na qual tive o prazer
de poder tocar.
O que você acha do ensino da musica no país?
Este é um ponto no qual deveria ser melhorado. Observo uma busca dos músicos de
irem estudar nos EUA ou Europa. A minha crítica a educação no Brasil começa
antes do ensino musical, vejo que o governo não se importa em ter cidadãos
conscientes, pois não vemos investimentos na educação pública. No contexto
musical é ainda pior.
Como você vê o seu trabalho na
Orquestrando a Vida? A experiência em um trabalho social modificou seu modo de
pensar em relação a musica?
Ter a
oportunidade de poder participar do projeto da ONG Orquestrando a Vida foi
maravilhoso, mudou muito a minha visão da vida. Estou vendo de perto histórias
de vida tão difíceis das crianças e ver como a música pode ser uma grande
ferramenta de transformação social na vida deles.
Gostei de
ver que a ONG não é só um trabalho social. O que esta sendo feito aqui é um
trabalho musical de grande qualidade musical. A população de Campos e todo
mundo pode ver nos concertos que oferecem a qualidade dos grupos sinfônicos e,
sobretudo uma programação de concertos anual surpreendente para uma orquestra
jovem com tantos concertos e tantos variados repertórios. Poder ver aqueles
jovens tocando em Nova York, chegar ao Carnegie Hall e receber convites para
tocar em vários países da Europa é realmente emocionante por sabermos da
realidade que eles vivem.
O maestro
Jony criou em Campos um seleiro de músicos com grande qualidade musical e com
um futuro prometedor.