quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cerca de 600 membros da ORAVI vão à praça em ato de protesto

Cerca de 600 funcionários, alunos e pais de alunos da ONG ORQUESTRANDO A VIDA (ORAVI), do CENTRO CULTURA MUSICAL (CCMC), foram à Praça do Santíssimo Salvador, na noite de ontem, demonstrar publicamente seu descontentamento com a política cultural do município. A manifestação — que começou por volta das 19h40 e trouxe faixas de luto, simulação de enterro com velas e cases de violoncelos, bandeiras pretas e grupos de pessoas amordaçadas, de mãos amarradas e vendadas — aconteceu antes da Camerata Natalina, evento realizado pela prefeitura, que trouxe nove músicos de fora da cidade.

De acordo com o diretor geral do CCMC e da ORAVI, Jony William Villela, que lançou o protesto sob o título “Prata da casa não tem prata”, a ONG vem sendo negligenciada pelo poder público municipal, que apesar das inúmeras conversas e da ordem do prefeito interino Nelson Nahim, as demais instâncias do governo não finalizaram um já demasiadamente discutido convênio.

— Não temos nada contra a prefeitura trazer a Campos atrações de fora ou financiar esses mesmos espetáculos. O que não entendemos e não podemos aceitar é que as portas sejam fechadas a quem é de casa sob a eterna alegação de que não há dinheiro. A prefeitura é milionária e os gastos com eventos são altos, mas o convênio foi discutido, rediscutido, autorizado pelo prefeito e vem sendo eternamente adiado. Ironicamente, nosso trabalho goza de prestígio internacional, mas não é valorizado em sua terra natal.

Embora a manifestação pacífica e silenciosa tenha tido como alvo a morosidade na resolução do caso, e não qualquer instâncias específica do poder público municipal, a presidente da Fundação Municipal Trianon, Maria Auxiliadora Freitas, exibiu em frente às câmeras da InterTV, afiliada à Rede Globo, e à equipe de reportagem do jornal Folha da Manhã, um descontrole flagrante, que gerou, inclusive, questionamento público do talento das crianças e jovens que estudam na ORAVI. Afirmação que perde sua força quando se tem em vista a comoção gerada pela participação desses mesmos alunos em espaços nobres na música erudita do Brasil e do exterior, como a Sala Cecília Meireles, o Theatro Municipal e o Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro; o Teatro Dom Pedro II, em Petrópolis; o Centro Sinfônico Nacional, o Teatro da Força Aérea Boliviana e o Museu de Artes de La Paz, na Bolívia, entre muitos outros.

Um talento que já foi ratificado por duas missões do Sistema Nacional de Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela (Fesnojiv) e do Conservatório Andino de Fomento (CAF) e por Yo-Yo Ma, violoncelista de prestígio internacional, com quem a ONG teve o imenso prazer de tocar em junho último, e que já foi recompensado com bolsas de estudos nos Estados Unidos da América, na Alemanha e na Venezuela.

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