“Estamos diante, certamente, do maior núcleo do Fesnojiv fora da Venezuela”, afirmou o violoncelista Roberto Zambrano, em referência ao trabalho desenvolvido pela ONG ORQUESTRANDO A VIDA, em Campos dos Goytacazes, completando: “Me sinto como se estivesse na Venezuela, só que falando português”. A mesma impressão teve o oboísta Marco Tarazona, o violinista Francisco Díaz e o trompetista e maestro Alfredo D’Addona, que, junto de Zambrano, compõe a missão do Fesnojiv — Sistema Nacional de Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela — que abriu o “Seminário Internacional Brasil-Venezuela”, trabalhando junto às orquestras.
D’Addona, que é membro fundador do Fesnojiv, diretor geral do projeto no estado de Lara, na Venezuela, maestro da Orquestra Juvenil de Barquecimeto, capital do estado, e trompetista da Orquestra Sinfônica de Lara, tem uma palavra para descrever o que viu, “surpresa”.
— Ao chegar a Campos, conseguir ver o quanto o trabalho cresceu nesses oito anos desde minha última vinda. É, de fato, como se fosse um núcleo venezuelano. Não é só música. O projeto ajuda crianças a vencerem problemas como as drogas, o crime e a prostituição, coisas que, dentro “del Sistema”, se evita. É isso que vimos aqui.
Professor da Escola Latino Americana de Violino, Díaz ressaltou a fidelidade às técnicas desenvolvidas pelos professores do Fesnojiv e a facilidade do trabalho que desenvolveu, durante a semana, junto aos alunos.
— As técnicas utilizadas aqui são exatamente as mesmas praticadas por alunos “del Sistema”. Porém, o trabalho desenvolvido em Campos não apenas se parece com um núcleo venezuelano na forma, mas agrega algo de bem brasileiro. Não tivemos qualquer dificuldade em relação a horário ou disposição. As crianças estavam empenhadas, havia entendimento. Há um trabalho em equipe, onde as crianças querem mais. No qual a Orquestra Jovem Professora Mariuccia Iacovino deseja atingir um nível em que possa tocar qualquer obra — afirma o professor, completando. — Estou muito contente de estar aqui, compartilhando o sorriso de crianças muito humildes, que vêem no instrumento o caminho para sua felicidade e crescimento.
Por fim, Tarazona destaca a capacidade dos alunos e da própria ONG.
— O projeto campista tem todas as características e objetivos do projeto venezuelano. Acredito que os garotos do Brasil são artistas por natureza própria. Na América do Sul, é onde se vê maior potencial, interesse e futuro.
SEGUNDA ETAPA
Parte da segunda missão a participar “Seminário Internacional Brasil-Venezuela”, que se dedica ao trabalho com os coros da ORQUESTRANDO A VIDA, Lourdes Sanchéz, que é diretora do sistema nacional de coros do Fesnojiv e regente do Coro Metropolitano e do Coro Sinfônico Nacional da Venezuela fala sobre as regras que regem o projeto lá e aqui.
— Se me nutro intelectualmente, se leio, toco, eu cresço enquanto pessoa. Essa é a filosofia do Fesnojiv e de seus núcleos, incluindo o de Campos, que é um programa sério. Há uma estrutura e não tem improvisação. É benefício para toda a comunidade, pois, se ajuda uma criança, ajuda a toda a família. Quando uma criança entra no projeto, toda a família se envolve. Une-se, assiste e apóia. A criança melhora sua auto-estima, sua confiança e se sente mais feliz.
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